Anualmente, durante os festejos do Corpo de Deus, celebra-se em Monção o épico combate travado entre S. Jorge e o Dragão, aqui designado como Coca. Na mítica história, a Coca procura escapar à perseguição que lhe é movida pelo heroico S. Jorge. Este, acaba por vencer o Dragão a golpes de lança e espada. Inicialmente, começa por arrancar à Coca os seus brincos, que detêm a sua força anímica e fonte de poder. No final da contenda, esta figura diabólica é vencida, quando o S. Jorge a consegue ferir mortalmente, introduzindo-lhe a lança ou a espada na garganta.
Esta é uma de muitas tradições populares que representam a supremacia do Bem sobre o Mal, tendo neste caso contornos particulares, por se encontrar intimamente ligada à temática da luta pela soberania e afirmação nacional de Portugal e à guerra da independência, bem presente no imaginário desta terra raiana – Monção.
O culto a S. Jorge tem a sua origem ancestral na tradição Síria, na qual é dado como um valente soldado na Palestina que foi feito mártir por ter revelado a sua fé cristã.
Letra da canção da lenda da Coca de Monção
Refrão:
COM A LANÇA NUMA MÃO,
COM A ESPADA NA OUTRA,
S. JORGE VENCEU A COCA,
S. JORGE MATOU O DRAGÃO.
1
NA FESTA DO ‘CORPUS CHRISTI’
VIVE A VILA DE MONÇÃO,
UM DIA TÃO ESPECIAL,
UMA LINDA TRADIÇÃO.
NA VELHA FESTA DA COCA,
NUMA PELEJA ANCESTRAL,
S. JORGE CONTRA O DRAGÃO,
LUTA O BEM CONTRA O MAL.
2
SEGUNDO A VELHINHA LENDA,
S. JORGE, DE LANÇA NA MÃO,
SALVOU UMA BELA PRINCESA
DAS GARRAS DE UM DRAGÃO.
EM MONÇÃO É RECORDADO
ESSE HISTÓRICO EMBATE,
NO VELHO CAMPO DO SOUTO,
É REPTIDO O COMBATE.
3
VEM A COCA FUMEGANTE
COM SETE HOMENS A GUIAR,
VEM S. JORGE, EM SEU CAVALO,
E COMEÇAM A PELEJAR.
O BICHAROCO SERPEIA,
S. JORGE RECUA E AVANÇA,
CO’A ESPADA CORTA AS ORELHAS
NA BOCA ESPETA-LHE A LANÇA.
4
S. SORGE DERROTA A ‘BICHA’
SEM SOFRER DERROTA OU DANO,
FICA O POVO COM ESPERANÇA
DE QUE VAI SER UM BOM ANO.
UM ANO BOM DE COLHEITAS,
UM BOM ANO DE ALVARINHO,
É ESTA A LENDA DA COCA,
EM MONÇÃO, NO ALTO MINHO.
Pianista e compositor portuense, Telmo Marques terminou o antigo Curso Superior de Piano do Conservatório de Música do Porto com nota máxima e licenciou-se em piano pela Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo.
Concluiu o Mestrado na Universidade de Roehampton no Reino Unido, encontrando-se atualmente a concluir o Doutoramento em Computer Music na Universidade Católica.
Mantém uma atividade de concertista em recitais, ações de formação e concertos pedagógicos. Conta com cerca de cinquenta participações discográficas como pianista, compositor, e arranjador com vários artistas portugueses, do jazz à música clássica, passando pela pop. Neste contexto é um dos orquestradores portugueses mais solicitados, tendo tocado e realizado arranjos musicais para artistas como os GNR ou João Pedro Pais.
Recebe regularmente encomendas de obras para o teatro, meios publicitários, organismos culturais e artistas independentes.
Para além da regular atividade de concertista, a solo, em duo, ou integrado em conhecidos projetos musicais, é atualmente professor de Análise Musical e Orquestra Jazz na ESMAE – Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo no Porto.